Helmute Lawish, presidente do Luverdense |
Há 29 anos, Helmute Lawisch deixou Santo Ângelo (RS) para fazer faculdade de agronomia em Santa Maria (RS). Há 25 anos, já formado, chegou a Lucas do Rio Verde (MT) para trabalhar. Há 12 anos, viu de perto e chorou de alegria com o Grêmio de Tite, na época seu clube do coração, na decisão contra o Corinthians pela Copa do Brasil. Há nove anos, fundou o Luverdense. Há oito, assistiu a um jogo do Grêmio pela Série B, ao lado do treinador corintiano, na época recém-demitido por Kia Joorabchian. Fatos que relembram a trajetória do presidente, que hoje leva com o próprio bolso e o coração a equipe mato-grossense, prestes a fazer o maior jogo de sua história, nesta quarta, contra o Timão, pela oitavas de final da Copa do Brasil.
- Desse jogo para frente, será outra dimensão. Digo que somos um time amador melhorado. Nossa casa é humilde, mas cheirosa. Nós acreditamos que podemos ganhar, mas somos humildes - reforçou, por várias vezes.
No primeiro contato com a reportagem do Lancenet, o dirigente mal cumprimentou e já disse: "Vamos dar uma volta de carro para eu mostrar a cidade". Logo, avisei que entrevistaria um jogador. "Ele tem tempo para esperar, eu não. Mais tarde, o pessoal vai colocá-lo em contato com ele", respondeu.
Ele havia acabado de dar uma palestra para jogadores e comissão técnica, após o treinamento no estádio Passo das Emas, palco do duelo. No último domingo, o Lec venceu o Santa Cruz por 3 a 1. "Faço sempre que acho que precisa", disse, sem querer revelar o conteúdo às vésperas do jogo contra o Corinthians. "Sabe que eu esqueci? Tenho memória curta (risos)". O estilo parceiro se mistura com o autoritário, como também age em suas fazendas. Na última semana, após a derrota por 4 a 0 para o Águia de Marabá, pela Série C do Brasileirão, ele demitiu dois jogadores que não estavam comprometidos. "De vez em quando, é preciso fazer algo para acordar o grupo".
Em 2001, não houve quem o segurasse para sair de Lucas do Rio Verde até Porto Alegre para acompanhar a primeira final da Copa do Brasil - o Grêmio bateu o Corinthians após empate por 2 a 2 no Olímpico e vitória por 3 a 1 no Morumbi. No trajeto Cuiabá-São Paulo-Porto Alegre, vestido de tricolor gaúcho, ele encontrou com torcedores organizados do Corinthians.
- Teve um que me mostrou a bunda, me chamou de gaúcho filho da p... (risos) - relembra.
Em janeiro de 2004, apaixonados por futebol, ele e um grupo de amigos decidiram fundar um clube em Lucas do Rio Verde. A ideia surgiu depois de uma provocação de outro amigo, torcedor do União Esporte Clube, de Rondonópolis (MT). Ele chegou a passar alguns dias no Grêmio conversando com profissionais, entre eles o ex-diretor Rodrigo Caetano.
No ano seguinte, o presidente estava em São Paulo a trabalho e aproveitou para ver o duelo entre Portuguesa e Grêmio, pela Série B. Nas arquibancadas do Canindé, conheceu Tite, que havia sido demitido do Corinthians por Kia Joorabchian, ex-presidente do MSI. Ambos viram o jogo como torcedores do Grêmio. Tempos depois, o treinador ligou para Helmute e indicou o ex-volante Dinho para ser técnico do Luverdense. E assim também o fez com Nestor Simionato, que comandou o LEC em 2008.
(diploma da faculdade de agronomia de Santa Maria-RS)
Agora, em 2013, Helmute e Tite estarão em lados opostos. O presidente do Luverdense garante que já é um "ex-gremista" e nem liga com o duelo Grêmio x Santos, cujo vencedor enfrentará o vencedor de LEC x Timão. Com diversas propriedades na cidade, ele banca a maior parte dos vencimentos do clube do próprio bolso. Os patrocinadores pouco contribuem financeiramente. De uns tempos para cá, a realidade começou a mudar. Só para o duelo contra o Corinthians, o espaço do peito foi comercializado por R$ 50 mil para os jogos de ida e volta. Por já ter alcançado as oitavas de final da Copa do Brasil, o clube projeta R$ 2 milhões de lucro.
Após ver o clube do coração se sagrar bicampeão mato-grossense (2009 e 2012), e chegar à oitavas de final inédita na Copa do Brasil, o dirigente pode estar de saída. Vice-presidente da Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF), ele projeta suceder Carlos Orioni, atual presidente, e então deixaria o LEC, para seu vice assumir, após nove anos. Com o papel cumprido.
- Para nós, o acesso à Série B é muito mais importante do que a Copa do Brasil. Sem dúvida. E esse ano tenho fé que vai subir - disse, lembrando que o Luverdense é o segundo colocado do Grupo A, com a mesma pontuação que o Sampaio Correia-MA.
Fonte: Lancenet
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