O diretor de seleções da CBF e ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez,
descartou, nesta quarta-feira, durante o seminário "Brasil Pós-Copa: Legado e
Gestão dos Estádios", realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília, a
possibilidade de utilização da futura Arena Corinthians para eventos que
necessitem da área do gramado. O estádio, que está sendo construído em Itaquera,
em São Paulo, será palco da abertura da Copa do Mundo de 2014.
- O Corinthians não está construindo arena multiuso. É um estádio de futebol.
Vai ter eventos, mas só nas áreas "vips", nos camarotes. No campo, não vai ter
evento. O Corinthians pode se sustentar só com o futebol - afirmou Andrés, na
capital federal.
Idealizado pelos deputados José Rocha (PR-BA) e Romário (PSB-RJ), o encontro
reuniu durante todo o dia parlamentares e representantes de federações, clubes e
do Comitê Organizador da Copa de 2014 (COL), para discutirem os desafios da
administração dos estádios que estão sendo erguidos para o Mundial.
Ao contrário da Arena Corinthians, algumas arenas que estão sendo construídas
não contam com clubes de expressão para utilizá-las depois da Copa. É o caso do
Estádio Nacional de Brasília, da Arena da Amazônia (em Manaus) e da Arena
Pantanal (em Cuiabá). Para esses estádios, a aposta dos gestores é na realização
de shows e outras atividades que não envolvam diretamente o futebol.
- Com esses novos estádios multifuncionais, mais eventos, e não apenas jogos,
poderão ser levados para as cidades - defendeu o diretor de operações do Comitê
Organizador da Copa de 2014 (COL), Ricardo Trade.
Segundo Trade, outra alternativa para evitar os temidos "elefantes brancos"
(instalações com alto custo de construção e manutenção que são pouco
aproveitadas) é a criação de áreas dentro dos estádios que possam atrair
visitantes, como museus.
- É possível fazer galerias. O Forlán vai jogar em Brasília, ou vai jogar em
Manaus. O Messi, o Neymar. Se você tira uma forma da mão e dos pés deles, fica
para a posteridade, para que as pessoas possam visitar - completou Trade, que
destacou ainda que os estádios da Copa já estão trazendo benefícios para as
cidades com a geração de empregos.
Atual diretor de seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Andrés
Sanchez também lembrou que a entidade pode ajudar a movimentar os estádios com
risco de pouca utilização.
- Temos o problema dos estádios onde não tem muito futebol. Acho que a CBF
pode fazer torneios amistosos e também programar partidas da Seleção Brasileira
para esses locais - sugeriu.
O exemplo do Engenhão
Problemas estruturais, cambistas e pirataria foram algumas das dificuldades
para a exploração rentável de estádios no Brasil apresentadas pelo diretor do
Botafogo e gestor do Engenhão, Sérgio Landau.
- Quando se projeta o estádio, é preciso programar cuidadosamente o uso dele.
Tem que ser analisada cada proposta que vai ser realizada. É bom ter isso
previamente, ou vão aparecer custos e dificuldades adicionais - alertou
Landau.
De acordo com o dirigente, o Botafogo precisou estruturar as instalações de
imprensa do estádio e alterar o posicionamento da central de controle. O clube
sofre ainda com problemas para organizar o acesso dos torcedores ao interior do
Engenhão.
- Não foi programada necessariamente a entrada das torcidas. Um exemplo é a
entrada dos camarotes, que é a mesma das arquibancadas. Isso dificulta muito a
operação - explicou.
Sérgio Landau destacou também a dificuldade para a instalação de bares e
restaurantes no estádio, uma vez que não se pode vender bebida alcoólica durante
os jogos, e lembrou que algumas lojas se tornam inviáveis por conta da pirataria
nas proximidades. Ainda assim, o Botafogo tem conseguido lucrar com o Engenhão
nos últimos meses.
- Mesmo com as dificuldades, conseguimos realizar grandes shows, eventos
diversos e estamos firmando uma parceria com uma universidade para a utilização
de áreas internas do estádio - celebrou o dirigente.
Fonte: Globo Esporte
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