Dr.Otacilio Cassiano Neto

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

A regra é clara?


Juiz apitou o primeiro jogo entre Corinthians e Vasco pelas quartas-de-final da Libertadores. Foto: Getty Images
Sandro Meira Ricci é considerado um dos melhores árbitros do país, mas não é bem visto por alguns clubes (Foto: Getty Images)
Com 450 cartões mostrados, expulsões injustas e pênaltis inexistentes, a arbitragem passou a ser o centro das atenções no Campeonato Brasileiro

A cada partida que acontece no futebol brasileiro, seja pelo Campeonato Brasileiro ou por qualquer outra competição, as reclamações sobre a arbitragem aumentam. Após a décima rodada do Brasileirão, as principais notícias voltaram a ser os árbitros.
Após uma rodada que tivemos cinco expulsões, sendo que em algumas não ocorreu nem mesmo falta, pênaltis inexistentes sendo marcados, os árbitros voltaram a serem as principais notícias e não as belas jogadas de Neymar, Ronaldinho Gaúcho ou Oscar.
Jornalismo Fc fez um levantamento que aponta os seguintes dados:
Cartão amarelo – 431, sendo 144 no primeiro tempo e 287 no segundo.
Cartão vermelho – 19, sendo três no primeiro tempo e 16 no segundo.
Confira abaixo o levantamento completo dos cartões levados pelas vinte equipes do Campeonato Brasileiro Série A.
Legenda: CA – Cartão Amarelo; CV – Cartão Vermelho (Stéfano Bruno/Jornalismo FC)
Com três cartões vermelhos nos últimos cinco jogos, o Grêmio é uma das equipes que mais vem sendo prejudicada neste campeonato. Contra o Cruzeiro, no último domingo (15), a equipe gaúcha teve o zagueiro Werley expulso de forma injusta pelo árbitro Marcelo Aparecido de Souza. Mesmo vencendo a partida por 3 a 1, Vanderlei Luxemburgo, que também foi expulso, reclamou muito do árbitro.
- Só tenho a lamentar. É algo que não consigo entender. Eu não sou um poste. Não posso ficar de braços cruzados e não falar nada. O árbitro me ameaçou e falou que ia me expulsar, mas eu não o ofendi. A expulsão do Werley foi um absurdo. E ele ainda ameaçou o Kléber e o Vilson – disse Luxemburgo.
Paulo Pelaipe, vice de futebol do Grêmio, preferiu não entrar em polêmica, mas deixou a entender que não ficou satisfeito com a arbitragem da partida.
- No lance do Werley não foi falta, mas da posição onde a gente estava era difícil avaliar. O importante é que passamos por cima da má arbitragem, o que não conseguimos na Vila Belmiro – afirmou Pelaipe.
O Grêmio reclama de lances que teve nas últimas três partidas. Contra o Atlético-MG, a reclamação é pela expulsão do lateral Anderson Pico. Contra o Santos, os gaúchos reclamam de uma falta que o Neymar teria cometido no lance do primeiro gol, e de um pênalti em Kléber, na jogada que teve origem o terceiro gol santista.
No empate entre Santos e Internacional por 0 a 0, o alvo das reclamações por parte do Peixe foi Wagner Nascimento Magalhães, árbitro da partida. Após cometer uma falta polêmica, o lateral Juan recebeu o segundo cartão amarelo e, consequentemente, o vermelho, após uma pressão dos jogadores colorados sobre a arbitragem. Visivelmente irritado com o trio de árbitros, Muricy Ramalho, técnico do Santos, acreditava em um resultado melhor, caso não ocorresse o erro de arbitragem.
- Era para a gente ganhar. Os principais jogadores deles estavam fora, assim como os nossos, mas estivemos melhores em campo. O problema é que a arbitragem se mete demais. O juiz não ia expulsar, aí deram uma pressão no bandeira e ele entrou nessa, deu o vermelho para o Juan. Nos prejudicaram demais – disse Muricy.
Leonardo Gaciba árbitro (Foto: Agência Lance)
Mesmo sendo eleito por quatro anos consecutivos (2005-2008) como o melhor árbitro do país, Leonardo Gaciba optou por “pendurar o apito” precocemente e se tornou comentarista de arbitragem (Foto: Agência Lance)
O maior erro da décima rodada aconteceu na partida entre Bahia e Flamengo. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento desagradou as duas equipes. No primeiro tempo, o árbitro expulsou, incorretamente, Luiz Antônio do Flamengo. No segundo tempo veio o erro maior. A partida estava empatada em 1 a 1, quando Francisco Nascimento marcou, equivocadamente, um pênalti no meia Ibson. Para aumentar ainda mais a revolta dos jogadores, torcedores e dirigentes da equipe baiana, Renato Abreu converteu a cobrança que deu a vitória ao Flamengo por 2 a 1.
Após a partida, os jogadores do tricolor baiano estavam revoltados.
- Não encostei nada. Não teve pênalti. Isso é brincadeira – reclamou o volante Fabinho, autor do pênalti.
- Ele está de brincadeira, né? O Fabinho chutou o vento. Não teve nada no lance. Cada tiro de meta do Flamengo duravam dois minutos – esbravejou o meia Gabriel.
O técnico Falcão, também estava muito irritado com a arbitragem.
- Foi uma das grandes injustiças no futebol. O Bahia era melhor, pressionava e teve o pênalti. Disseram que não foi, e eu fui ver com atenção. O Fabinho me disse que não havia tocado no Ibson e, realmente, ele não tocou – disse o treinador.
- Se era para ter coerência, tinha que marcar. Foi uma grande injustiça. O que me chama atenção é que nós temos tido erros muito fortes contra o Bahia – finalizou o técnico do Bahia, que está com o cargo ameaçado.
Francisco Carlos do Nascimento foi o árbitro mais contestado da décima rodada do Campeonato Brasileiro (Foto: Almeida Rocha/Folhapress)
Maurício Noriega, comentarista dos canais Sportv, Premier Futebol Clube e Globo, publicou em seu blog que acredita que os árbitros se perdem por quererem impor disciplina acima da questão técnica. Segundo Noriega, outro fator contribuinte para os erros de arbitragem é a “malandragem” de alguns jogadores, que simulam faltas com muita freqüência. O jornalista lembrou bem que este ato caiu em desuso há muito tempo no futebol europeu e é condenado por torcedores, dirigentes, treinadores e até mesmo os próprios jogadores. Maurício acredita que uma mudança de comportamento dos jogadores ajudará a diminuir os erros de arbitragem.
Para Henrique André, repórter da revista Vox Objetiva, falar da arbitragem brasileira é ‘chover no molhado’. Para ele, enquanto os árbitros não tiverem uma preparação 100% profissional, continuaremos assistindo absurdos a cada semana. Sobre a tecnologia, ele acha que se faz necessária no futebol, assim como se fez no tênis, na natação e em outros esportes. Mas, por outro lado, ele considera que devem existir alguns critérios, pois pode acabar atrapalhando o espetáculo. Na opinião dele, quando houver um erro, apenas o árbitro e seus auxiliares deverão ser ‘acionados’ (através de um dispositivo eletrônico disparado pelo quarto árbitro). Sobre o critério de cartões, faltas etc, ele acredita que vem da característica de cada um. “Mal intecionados e ruins de serviço existem em qualquer profissão. O que falta é profissionalização da categoria”, disse Henrique ao Jornalismo FC.
Para Daniel Seabra, do Jornal Estado de Minas, a arbitragem brasileira passa por um momento negativo. Para ele, seria difícil dizer, hoje, quem é o melhor árbitro em atividade no país. Para Daniel, temos alguns menos piores, mas todos mais ou menos no mesmo nível. Para ele, a falta de critérios não está somente na aplicação de cartões ou na marcação de faltas fora da área, mas, principalmente, na marcação de pênaltis. Ele considera absurdos os erros neste critério. Seabra não acredita em má fé, e sim, em incompetência mesmo. Para ele, a tão propalada profissionalização irá melhorar alguma coisa, pois os ábitros que apitam as divisões principais, principalmente os que são Fifa, recebem muito bem por partida. Daniel considera que a tecnologia deve ser implantada em todas as divisões e regiões do Brasil. “Apoio a tecnologia, desde que implantada em todas as divisões e em todos os regionais do Brasil. Caso contrário, teremos justiça nas primeiras divisões e o resto permanece como está”, disse aoJornalimo FC.

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