O nome de Matheus Caldeira na lista de convocados pelo técnico Luiz Felipe
para o amistoso da Seleção Brasileira contra a Bolívia foi a maior surpresa
desta terça-feira. Mas quem é o jogador de apenas 19 anos que ficará na reserva
de Jefferson no próximo sábado? Um histórico de nenhuma partida profissional
pelo Corinthians, superação de doenças e 'perda' da medalha para o hoje
presidente da CBF, José Maria Marín, preenchem o perfil do goleiro.
O caso envolvendo Marín é famoso, e ocorreu no início do ano passado, quando
o dirigente foi gravado por câmeras de televisão colocando uma das medalhas da
Copa São Paulo no bolso. O goleiro Matheus, titular na campanha do Corinthians
campeão do certame, ficou sem condecoração. Mas seria injusto resumir a vida do
corintiano apenas a esse incidente.
Destaque na campanha do título da competição de juniores em 2012, Matheus
enfrentou na própria decisão um momento de tensão, ao se lesionar na virilha no
meio do segundo tempo e atuar por vários minutos no sacrifício. Acabou
substituído logo depois de levar uma joelhada na coxa esquerda e lesionar um
músculo da coxa, sem quase conseguir ficar em pé. A superação, aliás, o
acompanhou por toda a vida.
Matheus passou por uma cirurgia no rim logo após seu nascimento. Cresceu,
chegou às categorias de base do Corinthians - seu time do coração - e passou a
se destacar entre os demais companheiros de posição. Entretanto, por pouco não
abandonou a carreira antes mesmo de começá-la: os médicos descobriram uma doença
quase incurável que poderia impedir o atleta de seguir no futebol.
O jovem goleiro, então com 14 anos, sofria de síndrome de Wolff
Parkinson-White, que traz ao coração uma veia a mais que desvia o fluxo de
sangue e pode levar a ter uma parada cardíaca de tanto esforço. Ela atinge
quatro a cada 100 mil pessoas e, se não tratada, pode levar à morte em casos
vinculados ao excesso de exercícios ou prática esportiva.
Ao descobrir a arritmia cardíaca, Matheus viu seu médico informar que existe
um caso em mil que pode ter cura. Mas, para a sua sorte, o primeiro exame lhe
mostrou que sua síndrome estava nas estatísticas positivas. A partir daí, o
goleiro enfrentou uma verdadeira batalha, alternando os treinos em dois períodos
com a maratona de internações.
Operou três vezes. A primeira, sem sucessos. A segunda deu resultado, mas
posteriormente foi constatado que também não deu certo. 'Ele me disse uma vez:
'prefiro morrer em campo do que ver alguém chegar e me falar que não posso mais
jogar', disse a mãe Dagma Caldeira, em entrevista à Band.
Na terceira cirurgia, enfim, a cura. 'Falei quando ele saiu que ficou oito
horas na sala de cirurgia. Aí ele disse para eu não me preocupar e avisou que ia
fazer mais 30 vezes essa cirurgia, e que se não desse certo ia desistir do
futebol', avisou a mãe, depois de ver o filho passar por toda uma tarde na mesa
de operações e sair, finalmente, apto a praticar futebol.
Hoje, livre da síndrome e atualmente quarto goleiro do Corinthians, atrás de
nomes mais experientes como Júlio César, Danilo Fernandes e Cássio, Matheus
ainda não estreou pelos profissionais do time alvinegro, mas é uma das
esperanças de futuro no Parque São Jorge. Convocado para a Seleção Brasileira
que disputou o Sul-Americano Sub-20 na Argentina, em janeiro, ele ganha agora
uma chance também no time principal verde e amarelo.
Fonte: Terra
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