Dr.Otacilio Cassiano Neto

Dr.Otacilio Cassiano Neto

sexta-feira, 5 de abril de 2013

De doença grave a medalha embolsada, conheça o goleiro corintiano convocado pra Seleção


O nome de Matheus Caldeira na lista de convocados pelo técnico Luiz Felipe para o amistoso da Seleção Brasileira contra a Bolívia foi a maior surpresa desta terça-feira. Mas quem é o jogador de apenas 19 anos que ficará na reserva de Jefferson no próximo sábado? Um histórico de nenhuma partida profissional pelo Corinthians, superação de doenças e 'perda' da medalha para o hoje presidente da CBF, José Maria Marín, preenchem o perfil do goleiro.

O caso envolvendo Marín é famoso, e ocorreu no início do ano passado, quando o dirigente foi gravado por câmeras de televisão colocando uma das medalhas da Copa São Paulo no bolso. O goleiro Matheus, titular na campanha do Corinthians campeão do certame, ficou sem condecoração. Mas seria injusto resumir a vida do corintiano apenas a esse incidente.

Destaque na campanha do título da competição de juniores em 2012, Matheus enfrentou na própria decisão um momento de tensão, ao se lesionar na virilha no meio do segundo tempo e atuar por vários minutos no sacrifício. Acabou substituído logo depois de levar uma joelhada na coxa esquerda e lesionar um músculo da coxa, sem quase conseguir ficar em pé. A superação, aliás, o acompanhou por toda a vida.

Matheus passou por uma cirurgia no rim logo após seu nascimento. Cresceu, chegou às categorias de base do Corinthians - seu time do coração - e passou a se destacar entre os demais companheiros de posição. Entretanto, por pouco não abandonou a carreira antes mesmo de começá-la: os médicos descobriram uma doença quase incurável que poderia impedir o atleta de seguir no futebol.

O jovem goleiro, então com 14 anos, sofria de síndrome de Wolff Parkinson-White, que traz ao coração uma veia a mais que desvia o fluxo de sangue e pode levar a ter uma parada cardíaca de tanto esforço. Ela atinge quatro a cada 100 mil pessoas e, se não tratada, pode levar à morte em casos vinculados ao excesso de exercícios ou prática esportiva.
Ao descobrir a arritmia cardíaca, Matheus viu seu médico informar que existe um caso em mil que pode ter cura. Mas, para a sua sorte, o primeiro exame lhe mostrou que sua síndrome estava nas estatísticas positivas. A partir daí, o goleiro enfrentou uma verdadeira batalha, alternando os treinos em dois períodos com a maratona de internações.

Operou três vezes. A primeira, sem sucessos. A segunda deu resultado, mas posteriormente foi constatado que também não deu certo. 'Ele me disse uma vez: 'prefiro morrer em campo do que ver alguém chegar e me falar que não posso mais jogar', disse a mãe Dagma Caldeira, em entrevista à Band.
Na terceira cirurgia, enfim, a cura. 'Falei quando ele saiu que ficou oito horas na sala de cirurgia. Aí ele disse para eu não me preocupar e avisou que ia fazer mais 30 vezes essa cirurgia, e que se não desse certo ia desistir do futebol', avisou a mãe, depois de ver o filho passar por toda uma tarde na mesa de operações e sair, finalmente, apto a praticar futebol.

Hoje, livre da síndrome e atualmente quarto goleiro do Corinthians, atrás de nomes mais experientes como Júlio César, Danilo Fernandes e Cássio, Matheus ainda não estreou pelos profissionais do time alvinegro, mas é uma das esperanças de futuro no Parque São Jorge. Convocado para a Seleção Brasileira que disputou o Sul-Americano Sub-20 na Argentina, em janeiro, ele ganha agora uma chance também no time principal verde e amarelo.
Fonte: Terra

Nenhum comentário:

Postar um comentário