Dr.Otacilio Cassiano Neto

Dr.Otacilio Cassiano Neto

terça-feira, 1 de julho de 2014

Se Brasil levar a taça, crédito vai crescer mais, estima Acrefi

O resultado da Copa do Mundo da FIFA 2014 deve influenciar o consumo no país tanto para o bem como para o mal. De acordo com o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos (Acrefi), Érico Ferreira, o consumo será maior do que o previsto para o ano se o Brasil levar o título. “Por ser um grande evento, por ser um acontecimento único na vida (a última Copa no Brasil aconteceu há 64 anos) e por sermos os maiores no futebol, o cidadão vai ficar feliz e, com ele feliz, o consumo aumenta”, disse.

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A previsão da Acrefi para o crescimento do crédito de consumo é de 10% para o final deste ano. Caso o Brasil vença, a alta deve ser de 13%. Se o país não levar a taça, deve cair para 7%.

Selic tem impacto em novo financiamento

O aumento da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que passou de 10,75% para 11% ao ano, “obviamente afetará o consumo financiado”, mas com um impacto menor, afirmou o executivo. “A alta da Selic tem um impacto claro quando se toma um novo financiamento. À vista não afeta, mas parcelado, sim”, disse Ferreira.

O nível de inadimplência, de acordo com o presidente da Acrefi, não está ligado à taxa de juros, mas sim à forma da concessão de crédito.

Educação financeira
Para Ferreira, ainda temos muito que avançar na educação financeira. “Às vezes, aprendemos pelo aperto, infelizmente”, disse. A educação financeira, afirmou, é o segundo tempo da educação tradicional, as duas devem vir juntas. “Mas ela será de grande valia para o mercado como um todo”, disse, pois, com ela, só tomará crédito aquele que puder pagar e, assim, a inadimplência cairá bruscamente, acredita.

Grande vilão da inadimplência
De acordo com o economista-chefe da Acrefi, Nicolas Tingas, hoje o consumidor está buscando sanear o seu passivo, comprando com mais parcimônia, buscando ele mesmo não entrar em “rota de inadimplência”.

“Houve, no final do ano passado, um temor de que a inadimplência daria um soluço, mas não é isso que estamos observando, estamos vendo uma acomodação do endividamento”, disse o economista.

De acordo com Érico Ferreira, o mercado está em um momento bem melhor do que estava em 2012 e 2013, quando houve uma alta mais acentuada da inadimplência, “mas em relação àquele período a inadimplência caiu sensivelmente, o que nos deixa mais otimistas”.

Para Ferreira, o endividamento na pessoa física se amplia porque crescem os crédito consignado e imobiliário, ambos de menor risco.

Influências do mercado internacional
Na visão de Nicolas Tingas, qualquer assunto do mercado externo, tanto para o bem quanto para o mal, vai se refletir no Brasil. “Em 2007, ano em que crescemos muito, houve um cenário favorável em todo o mundo, e que vai demorar para se repetir” disse, citando o crescimento da China e dos Estados Unidos.

Em relação ao menor crescimento chinês, Tingas acredita na aposta do mercado na habilidade de o governo da China em reajustar seu modelo. “Não há um cenário de queda brusca”, disse o economista-chefe.

Já a recuperação da economia americana se mostrou difusa, na visão de Tingas. “[Janet] Yellen [presidente do banco central dos EUA] vai tomar mais tempo do que o esperado, a coisa não é bem assim, a normalização dos juros vai levar mais tempo”, acredita. Hoje, os juros nos EUA estão perto de zero para estimular a economia, mas sua taxa normal seria em torno de 4% ao ano.

De acordo com ele, o Brasil, neste cenário, tem um tempo para agir por conta própria. Ou seja, tomar medidas para não esperarmos decisões do cenário internacional. “Temos que correr para tirar o atraso daquele gargalo de infraestrutura, do custo-Brasil, de uma melhora da carga tributária, criar condição para gerar novos investimentos e crescer”, disse.

Eleição presidencial

Para Ferreira, a presidente Dilma Rousseff é a favorita na corrida presidencial. Mas o presidente da Acrefi acredita que, com ou sem Dilma, haverá mudança na situação macroeconômica brasileira, devido à exaustão do modelo de consumo e à necessidade de uma taxa de investimentos maior do que tem sido.

Ferreira acredita ainda que são necessárias “concessões e privatizações dos investimentos”, principalmente em infraestrutura, “para que a economia tenha um caminho sustentável, e não esse sobe e desce que gera insegurança para o investidor”.

O presidente da Acrefi disse que o Brasil está precisando de reformas. “Temos que fazer reforma política, temos muitos partidos sem interesse programático que defendem interesses privados”, disse, acentuando que “precisamos de pessoas que entrem na política para defender o país”.

Para o executivo, mudanças são necessárias e fundamentais, mas o país precisa fazer reformas em vários setores. “Temos energia, água, floresta, somos o país do futuro, temos todas as condições de sermos o país líder do mundo. Agora, temos que ser campeões do mundo de verdade, e não no futebol”, concluiu.
fonte: https://br.financas.yahoo.com

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