Nesta semana estreia a nova novela das 19h da Rede Globo. Dentre tantas
personagens, Sangue Bom trará como uma de suas protagonistas uma apaixonada
torcedora do Corinthians. O torcedor de outras equipes deve ter ficado enciumado
por ver Isabelle Drummond interpretando uma corintiana fanática. Nada que não
possa ser justificado. Em primeiro lugar, é importante registrar que não é a
primeira vez que um clube de futebol da realidade terá alguma representação em
telenovela, caso recente de Tufão, ex-jogador do Flamengo interpretado por
Murilo Benício em Avenida Brasil. Ainda assim, os autores optam mais por criar
clubes fictícios, como o Divino Futebol Clube na mesma telenovela das 21h, de
maneira a evitar antipatia por determinado núcleo da novela.
Dito isto, a
maior participação na telinha de torcedores e (ex)-jogadores de Flamengo e
Corinthians tem como uma justificativa simples o fato de os clubes terem as
maiores torcidas do país. Algo que é comprovado em todas as pesquisas
divulgadas, como também pela audiência propiciada pelos seus jogos na televisão,
que são os mais televisionados. No caso corintiano, há o fato de o clube ser o
principal time brasileiro, numa campanha iniciada com a vinda de Ronaldo para o
clube no final de 2008, que culminou com grandes resultados dentro de campo,
tendo como última parada a conquista do Mundial de Clubes Fifa no ano passado,
contra o Chelsea.
A marca Corinthians tornou-se reconhecida
internacionalmente e conquistou ainda mais espaço nos meios de comunicação
brasileiros, com uma maior concorrência com os clubes cariocas, cujas partidas
ainda são mais exibidas por rede nacional – são 15 estados cujas afiliadas da
Globo estão transmitindo o Campeonato Carioca em 2013.
Na telinha, a
maior audiência do futebol em 2012 foi a final da Libertadores, em que a Globo
teve 48 pontos de média de audiência, com share de 72%, na transmissão de
Corinthians X Boca Juniors. A final do Mundial, que ocorreu pela manhã, teve
audiência somada (Band + Globo) de 44 pontos, num horário em que a título de
comparação, a líder Globo marca 8 pontos. A Band, sozinha, marcou 12, uma das
maiores audiências da emissora no ano.
Claro que por conta disso o atual
campeão mundial dá justificativas para ter tantas partidas transmitidas ao longo
do ano. Segundo pesquisa do Infomídia Pesquisas Esportivas LTDA., até fevereiro
foram 76 emissões do clube no Paulistão – entre Globo e Band na TV aberta, os
três canais SporTV e o Premiere Futebol Clube –, sendo 12 em TV aberta, contra
55 do São Paulo, que aparece logo em seguida, cinco vezes em TV
aberta.
Ainda que os resultados dentro de campo ajudem a justificar o
número de transmissões na TV, há de se registrar que nem sempre é assim que
ocorre. Para se ter uma ideia, a mesma pesquisa do Infomídia afirma que nos dois
primeiros meses do ano não houve partidas do Botafogo transmitidas em TV aberta
no Campeonato Carioca. O clube alcançaria logo em seguida o título da Taça
Guanabara, primeiro turno do torneio, e conta com um craque internacional em
campo, o holandês Clarence Seedorf.
Um risco à competitividade
No
caso corintiano, portanto, a Globo aproveita-se do momento para surfar na ainda
maior popularidade do clube paulista, colocando uma de suas protagonistas de
novela como torcedora fanática do time, cujo aficionado é reconhecido justamente
por uma maneira “maloqueira” de se torcer, termo incluído numa das cenas de
publicidade de Sangue Bom. Resta saber se isso conseguirá atrair a audiência que
costuma ver os jogos do time.
O risco que existe, e é muito reclamado por
outros torcedores, é no que se refere à quantidade de jogos transmitidos de
determinado clube, o que pode prejudicar as receitas de marketing e o
arregimento de novos patrocinadores e torcedores dos demais, especialmente os
que estão em momento ruim.
Quanto mais recebem atenção dos grupos
midiáticos, maior atração e rendimento econômico podem ser gerados – desde que
os dirigentes dos clubes saibam como fazê-lo –, mais se paga aos clubes através
do broadcasting e estabelecimento de uma maior quantidade de torcedores. A
continuação deste ciclo podendo representar uma polarização entre os
concorrentes dentro de campo, o que pode ser um risco à competitividade do
esporte.
Fonte: Observatorio da Imprensa
Nenhum comentário:
Postar um comentário