A presidenta Dilma Rousseff sugeriu que o Mercosul e a União dos
Países Sul-Americanos (Unasul) avaliem o processo de impeachment contra
ela no Congresso Nacional, que classifica como "golpe". Dilma deu
entrevista coletiva nos Estados Unidos hoje (22) após discursar na
Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na cerimônia de
assinatura do Acordo de Paris.
A presidenta brasileira se disse
vítima e injustiçada com o processo, que vai se esforçar "muito" para
convencer os senadores de que não cometeu crime de responsabilidade e
que "dizer que não é golpe é tapar o sol com a peneira".
Ao ser
indagada pelos jornalistas sobre a repercussão internacional que o tema
está provocando, Dilma contou que recebeu solidariedade de alguns
presidentes que lhe desejaram "força".
"Outros
disseram: ‘Solidariedade, é difícil. Segura, você é corajosa'. Eu vou
dizer o seguinte. Está em curso no Brasil um golpe. Então, eu gostaria
que o Mercosul e a Unasul olhassem esse processo", disse. De acordo com
ela, a cláusula democrática, uma das regras do Mercosul, prevê que seja
feita uma avaliação dos casos.
Dilma afirmou que não acusa
ninguém que propõe eleição direta de golpista, mas que deve aos seus 54
milhões de eleitores a defesa do seu mandato: "Não sou contra eleições
de maneira alguma. Acho que uma coisa é eleição direta, com voto secreto
das pessoas e o povo brasileiro participando. Mas acho que tem de ser
me dado o direito de defender meu mandato. Não sou uma pessoa apegada a
cargo. Agora, eu estou defendendo meu mandato", disse.
Segundo a
presidenta, não há acusação de contas no exterior, lavagem de dinheiro
nem processos de corrupção contra ela. "Quem assumirá os destinos do
país? Pessoas ilegítimas? Pessoas que não tiveram um voto para
presidente da República. Acho que essa sensação de injustiça e essa
situação de vítima eu não escolhi, me colocaram nela", declarou.
Após fazer uma longa explicação sobre os decretos assinados em seu governo, justificativa para o pedido de impeachment, ela voltou a dizer que sente injustiçada porque sofre um "processo ilegal, golpista e conspirador".
"Eu
fico muito intrigada porque tem esse medo absurdo quando nós falamos
que tem um golpe no Brasil. O medo de ter um golpe no Brasil decorre da
absoluta ilegalidade", disse.
Leia aqui a íntegra do discurso da presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU.
* Colaborou Leandra Felipe - Enviada especial à Nova York
Edição: Jorge Wamburg
fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/dilma-sugere-que-mercosul-e-unasul-avaliem-processo-de-impeachment
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