Eles formam a dupla de volantes de maior sucesso do futebol brasileiro nos
últimos anos. Discretos e eficientes, foram o símbolo máximo do time de
operários do Corinthians que conquistou o último Campeonato Brasileiro. Agora,
voltam a ser a esperança da torcida para frear Neymar, craque do Santos e melhor
jogador brasileiro na atualidade, e conduzir o Timão à inédita final da Taça
Libertadores. O primeiro duelo contra os santistas será nesta quarta-feira, às
22h, na Vila Belmiro, e o jogo de volta será na quarta seguinte, no mesmo
horário, no Pacaembu. Mas Ralf e Paulinho são muito mais do que os motores da
equipe comandada pelo técnico Tite. Longe do clube, são amigos quase que
inseparáveis. Irmãos, como gostam de dizer.
A amizade da dupla começou em maio de 2010. Ralf chegou do Barueri em janeiro
daquele ano para ser reserva imediato de Marcelo Mattos, mas conquistou a vaga
rapidamente e caiu nas graças do técnico Mano Menezes, hoje comandando a
Seleção. Paulinho foi contratado do Bragantino após o Campeonato Paulista como
uma aposta para o futuro e, nos conselhos do novo dono da camisa 5, soube
esperar a hora certa.
- Quando estava no Bragantino, eu sempre via o Ralf sobressaindo nos jogos,
gostava de observar a forma como ele se comportava em campo. Foi um espelho para
mim antes e depois de ser contratado, sempre conversava comigo, que meu momento
no clube chegaria. Nunca deixei de trabalhar para procurar o meu espaço - afirma
Paulinho.
A boa relação no Timão se estendeu para fora dos gramados e passou a envolver
os familiares. Morando próximos um do outro, na Zona Leste de São Paulo, como
boa parte do elenco corintiano, Ralf e Paulinho passaram a conviver quase que
diariamente no período sem treinamentos ou rodadas. Os jogadores se reúnem
constantemente para confraternizações. Em 2011, o também volante Edenílson foi
acrescentado à trupe.
- Às vezes, tenho de fazer uma boquinha fora de casa (risos). Ele e a esposa
sempre me receberam muito bem. Sempre estou na casa deles fazendo churrasco ou
um jantar. Nós procuramos sair pouco porque em certos lugares não dá mais para
ir. Nossa amizade continua fora de campo - diz Ralf.
- Ele é um cara tímido, mas sabe que as portas da minha casa estão sempre
abertas para sua família. Quando temos tempo, procuramos ir a algum restaurante,
mas preferimos ficar mais em casa. Em um elenco, você sempre tem mais afinidade
com um ou outro. Hoje, o Ralf é um irmão para mim - emendou Paulinho.
A amizade teve um "reforço" a partir de fevereiro de 2011. Depois de negociar
Jucilei com o Anzhi-RUS, Paulinho ganhou a vaga de titular como segundo volante
e passou a formar dupla com Ralf. O entrosamento foi imediato e trouxe
resultados. O Timão reagiu rápido à dolorosa eliminação na Libertadores diante
do Tolima-COL e chegou à final do Campeonato Paulista - perdeu para o Santos. No
segundo semestre, fechou a temporada com a conquista do título brasileiro. De
quebra, ambos foram eleitos os melhores volantes da competição nacional.
Entrosados dentro e fora do gramado, os volantes não poupam cobranças um ao
outro, principalmente agora no momento de decisão da Libertadores e depois de
terem sido convocados para a seleção brasileira. Ambos vivem a expectativa de
retornarem às listas de Mano Menezes de olho na Copa do Mundo de 2014.
- Sempre rola cobrança, precisa haver. Até mesmo quando sinto que não fui
bem, falo com ele. Não tem o que esconder, é tudo muito claro. Temos essa
liberdade para colocar as situações. A amizade facilita muito na hora de
conversar sobre a partida. É uma cobrança válida - explicou Paulinho.
Guardiões da melhor defesa da Libertadores (apenas dois gols sofridos em dez
partidas), Ralf e Paulinho são peças fundamentais no plano para impedir que
Neymar seja decisivo nas semifinais contra o Santos. Os volantes terão papel
determinante no esquema do técnico Tite, sobretudo na ajuda aos zagueiros e aos
laterais.
- É uma parada difícil, mas não impossível. Já jogamos contra ele. É um
jogador que dispensa comentários pela qualidade indiscutível. Mas sabemos que
podemos neutralizá-lo - projetou Ralf.
A Libertadores, aliás, será decisiva para os volantes. Com contrato até o fim
de junho de 2014, Paulinho aparece desde o ano passado como possível reforço do
Inter de Milão-ITA. Já Ralf, vinculado até 31 de dezembro de 2013, é
constantemente observado por clubes europeus e também tem chances de ir
embora.
- Eu nunca coloquei que queria sair. Sempre procurei cumprir meus contratos e
quero permanecer. Falaram muito esse ano que eu iria embora, mas não houve nada
oficial. Eu permaneço no Corinthians - garantiu Paulinho.
- Eu estou focado aqui. Minha preocupação é ele ir embora e me abandonar
(risos). Mas tenho certeza que ele vai escolher a hora certa. Se tiver alguma
coisa, tem de ir. Só de falar já sinto falta pela admiração e pelo carinho que
tenho por ele - finalizou Ralf.
Fonte: Globo Esporte
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